Ripanarapaqueca
Ripa na rapaqueca. A expressão do jornalista Jorge Perestrelo remete para o ritmo frenético e a emoção sem igual do relato futebolístico. Para a arte de traduzir em palavras os caprichos do esférico dentro das quatro linhas
Em Portugal
A expressão «Ripa na Rapaqueca» foi cunhada por Jorge Perestrelo e tornou-se uma das mais célebres da rádio portuguesa. O «grito de guerra» surgiu quando o jornalista e radialista trabalhava na Rádio Comercial e significa nem mais nem menos do que… «chuta na bola». «Agarrei na rapaqueca, na bola. E nós como tínhamos o hábito, em Angola, de dizer, quando queria dizer “chuta”, diz “ripa”, então “chuta na rapaqueca, ripa na rapaqueca”», explicou. A expressão pegou.
O SL Benfica voltou a conquistar a Taça dos Clubes Campeões Europeus em 1961/1962, depois de ter vencido o troféu na época anterior. Artur Agostinho fez o relato da partida, que os encarnados venceram por 5 a 3, com golos de José Águas, Cavém, Mário Coluna e um bis de Eusébio.
Artur Agostinho relatou, ao microfone da Emissora Nacional, o jogo que opôs Portugal e Coreia do Norte, a contar para os quartos-de-final do Mundial de 1966. Aos 25 minutos, os Magriços já perdiam por 3 a 0. A reviravolta foi assinada por Eusébio. O Pantera Negra marcou 4 dos 5 golos da vitória portuguesa, carimbando a passagem para as meias-finais.
Rui Tovar integrou os quadros da RTP no final dos anos 70, depois de ter passado por publicações como o Diário de Notícias e O Dia. Na estação pública, celebrizou-se como comentador de eventos de desporto e por apresentar espaços de informação nesta área, nomeadamente o popular programa «Domingo Desportivo».
Jorge Perestrelo deu voz a uma das mais emocionantes partidas do Euro 2004: o jogo entre Portugal e Inglaterra, nos quartos-de-final da prova. A partida, que terminou com um empate a 2-2, só se resolveu através de grandes penalidades. Depois de defender, sem luvas, o remate inglês, coube ao guarda-redes Ricardo converter o penalti decisivo.
Depois da vitória em Alvalade, o Sporting CP foi a Alkmaar disputar a passagem à final da Taça UEFA 2004/2005. No final do prolongamento, os leões perdiam por 3-1. Bastava um golo para manter vivo o sonho, golo esse que chegou nos últimos segundos da partida, pela cabeça de Miguel Garcia. Foi o último relato de Jorge Perestrelo. O jornalista faleceu no dia seguinte, a 6 de maio de 2005, vítima de enfarte.
A popular canção «A minha casinha», dos Xutos e Pontapés, foi adaptada pelo radialista da TSF, João Ricardo Pateiro, no relato do golo marcado por João Moutinho frente ao Paços de Ferreira, a 28 de outubro de 2011. O seu relato do golo foi considerado o melhor do ano de 2011 pela ESPN Brasil. Os dragões venceram a partida por 3-0.
O relato de Nuno Matos do play-off entre Portugal e Suécia, que terminou com a vitória portuguesa por 3-2, é um dos mais memoráveis da história recente do jornalismo desportivo. A emoção do locutor da Antena 1 com o hat-trick de Ronaldo ultrapassou fronteiras e fez furor nos meios internacionais e nas redes sociais.
No estrangeiro
Luiz Mendes deu voz à incredulidade dos brasileiros perante o golo de Ghiggia, que carimbou a surpreendente vitória dos uruguaios na final do Mundial de 1950. A partida, conhecida como Maracanaço, é uma das páginas mais negras da história do futebol brasileiro.
«Aus, aus, aus! Aus! Das Spiel ist aus! Deutschland ist Weltmeister!» [«Terminado, terminado, terminado! O jogo está terminado! A Alemanha é campeã do mundo!»]. Herbert Zimmermann é a voz por detrás de um dos mais famosos relatos desportivos da história alemã. O jornalista não conseguiu conter o seu entusiasmo depois da Alemanha ter batido a Hungria e conquistado o título mundial, num jogo conhecido como «o milagre de Bern».
«They think it's all over… it is now!» [«Eles pensam que tudo está terminado... agora está!»]. O relato de Kenneth Wolstenholme para a BBC é um dos soundbites desportivos mais populares do mundo. Nos derradeiros segundos da final do Mundial de 1966, os adeptos começaram a invadir o cmapo, o que não impediu os Three Lions de marcar mais um golo, vencendo a Alemanha Ocidental por 4-2 e conquistando o título mundial.
«Maggie Thatcher... your boys took a hell of a beating! Your boys took a hell of a beating!» [«Maggie Thatcher... os seus rapazes foram derrotados à grande! Os seus rapazes foram derrotados à grande!»]. A vitória da Noruega frente a Inglaterra no apuramento para o Campeonato do Mundo imortalizou Bjørge Lillelien na história do Jornalismo desportivo. O seu relato tornou-se tão popular que foi escolhido para representar a Noruega no «Memory of the World» da UNESCO.
O comentador Jack van Gelder deu voz à emoção dos fãs holandeses depois de Dennis Bergkamp ter marcado frente à Argentina nos quartos-de-final do Campeonato do MUndo de 1998. A Oranje venceu o jogo por 2-1.
O golo de Robbie Keane nos últimos momentos da partida entusiasmou os adeptos. O surpreendente empate da República da Irlanda frente à Alemanha no Mundial de 2002 levou ao famoso comentário de John Motson: «Look at these scenes! Just look at these scenes!» [«Vejam estas imagens! Vejam só estas imagens!»].
O relato de Fabio Caressa fez história no Jornalismo desportivo italiano. O comentador da Sky Italia deixou-se levar pelas emoções quando Fabio Grosso marcou o golo decisivo nos derradeiros segundos da partida frente à Alemanha, no Mundial de 2006.
O locutor da Rádio Globo RJ, Luiz Penido, fez o relato da maior derrota de sempre da Seleção canarinha, popularizando a expressão «Rala, rala Brasilzão, que o barato bom é alemão». O Brasil perdeu por 7 a 1 frente à Alemanha e ficou pelo caminho no Campeonato do Mundo de 2014. A expressão «rala, rala» é uma das frases mais populares dos relatos de Penido, sendo utilizada para se referir à equipa que sofreu um golo.