Jacinto Baptista
Jornalista, autor e historiador, Jacinto Baptista contribuí para desbravar caminho para o ensino do Jornalismo em Portugal
«O jornalista é o historiador de todos os dias», afirmava Jacinto Baptista.
O repórter nasceu em Lisboa em 1926, e licenciou-se em Ciências Históricas e Filosóficas.
Aos 20 anos tornou-se profissional da imprensa. O Diário Popularseria o jornal onde se destacaria.
No início da sua carreira, o jornalista passou pelo jornal católico e monárquico A Voz.
Na altura, a redação dispunha apenas de um telefone, e quando uma idosa liga para o jornal à noite para se queixar de um pombo que lhe entrou em casa, a resposta do chefe de redação não se fez tardar: «coma-o com arroz minha santinha mas deixe a linha telefónica livre para os telegramas da Agência Havas!».
Desde cedo, o Diário Popular reuniu nos seus quadros jornalistas que marcariam a história, como Baptista Bastos, Urbano Carrasco e tantos outros.
Com o 25 de Abril em 1975, o jornal passaria a ser propriedade estatal. Assistiu-se, igualmente, a uma nova vaga de mudanças nas direções dos jornais. Jacinto Baptista seria eleito diretor do Diário Popular.
Escritor nas horas vagas, Jacinto Baptista foi ainda autor de vários trabalhos. Destacam-se o ensaio de interpretação histórica O 5 de Outubro e Um Jornal na Revolução: “O Mundo” de 5 de Outubro de 1910.
O 5 de Outubro, um ensaio que evoca a revolução de 1910, foi incluído no número das obras mais importantes publicadas até àquela data pelo The Times Literary Supplement.
Em 1977, o jornalista editava o livro Surgindo Vem ao Longe a Nova Aurora, sobre a história do jornal A Batalha.
Nos seus estudos sobre a imprensa, Jacinto Baptista dedicou-se também ao estudo da obra de Alexandre Herculano, nomeadamente enquanto jornalista.
Contribuição para a profissão
O historiador e jornalista contribuiu ainda para a dignificação dos profissionais de jornalismo através da introdução do Ensino Superior na área.
Em fevereiro de 1970, Jacinto Baptista, integrado numa delegação da direção sindical, apresentou proposta de criação do Ensino Superior de Jornalismo.
O jornalismo era das poucas profissões exercida sem um curso superior.
A introdução da formação universitária obrigaria à dignificação dos profissionais em termos remuneratórios e em termos da sua capacidade de intervenção.
A 1 de outubro de 1979, a Comissão Consultiva, com o objetivo de tratar de questões relacionadas com a criação de um curso de pós-graduação em jornalismo, reuniu-se pela primeira vez na sede do Sindicato dos Jornalistas.
Jacinto Baptista fazia parte do grupo de trabalho.
No artigo «Jornalismo: tarimba e escola», de 19 de outubro de 1979 d’O Jornal, Jacinto Baptista dá conta da alteração na maneira como os jornalistas profissionais viam a questão do ensino do jornalismo.
Mais do que jornalista, Jacinto Baptista consagrar-se-ia como historiador. Já na história da profissão jornalística, deixaria um grande marco, ao ser um dos pioneiros que desbravou caminho para o ensino de jornalismo em Portugal.
Jacinto Baptista morreu em 1993, com 67 anos.