Maria Lamas

Diretora das revistas Moda & BordadosJoaninhaReino dos Miúdos, destaca-se nestas publicações. A par com o Jornalismo, Lamas é uma forte apoiante e lutadora dos Direitos das Mulheres durante o período do Estado Novo

Maria Lamas foi uma das primeiras mulheres jornalistas profissionais. Começou na Agência Americana de Notícias pela mão da jornalista Virgínia Quaresma - com salário, horário e hierarquia.

«Paladina dos Direitos Humanos e dos direitos da mulher, jornalista e escritora de elevado mérito» nasceu a 6 de outubro de 1893, em Torres Novas.

Oriunda de uma família burguesa viveu até aos 10 anos em Torres Novas, onde concluiu os estudos. Posteriormente aprendeu várias línguas, usando essa formação para trabalhar como tradutora.

Casou pela primeira vez em 1910 com Teófilo José Pignolet Ribeiro da Fonseca. Desta união teve duas filhas, Maria Emília (1911) e Maria Manuela (1913). Viveu em Luanda entre 1911 e 1913, acompanhando o marido em missão militar.

Em 1921 casou em segundas núpcias com o jornalista Alfredo da Cunha Lamas de quem teve uma filha, Maria Cândida.

 

 

A Pioneira

Na qualidade de jornalista dirigiu a revista Modas & Bordados (1928-1947), um suplemento semanal do jornal O Século.

Nesta época, o Bairro Alto, em Lisboa, era conhecido como o «Bairro da Imprensa» e foi aqui que Maria Lamas conheceu o escritor e jornalista Ferreira de Castro, que a convidou para colaborar na revista Civilização. Maria Lamas aceita e cria uma publicação suplementar, destinada ao público infantil, chamada Reino dos Miúdos. Em 1935, funda uma revista semanal para raparigas chamada Joaninha.

 

 

 

A Combativa

Maria Lamas foi uma defensora dos Direitos Humanos e dos direitos das mulheres. Inscrita desde 1936 na Associação Feminina para a Paz, foi um membro notável do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, do qual foi presidente em 1945. Mais tarde é obrigada a optar entre o Conselho e a revista Modas & Bordados. Em 1947 declara-se publicamente feminista.

A sua atividade libertadora de consciências e identidade desafiava os ideais do Antigo Regime. Não obstante, a sua oposição é intensificada quando, em 1949, ingressa nas organizações políticas Movimento Democrático Nacional (MDN) e Movimento de Unidade Democrática (MUD). Maria Lamas participa ativamente em algumas campanhas eleitorais, nomeadamente na campanha do General Norton de Matos à Presidência.

As suas atividades foram consideradas subversivas, motivo pelo qual foi perseguida e presa pela ditadura até que partiu o para o exílio em Paris, de onde voltou apenas em 1969.

No regresso, adere ao PCP (Partido Comunista Português) e torna-se Diretora Honorária da revista Modas & Bordadose da revistaMulheres.

Em 1980 é agraciada com o Grau de Oficial da Ordem da Liberdade e em 1982 é homenageada pela Assembleia da República.

 

 

Maria Lamas foi jornalista, escritora, tradutora – uma investigadora autodidata na História das Mulheres do Portugal contemporâneo.

Morreu a 6 de dezembro de 1983. Uma portuguesa notável e  uma cidadã europeia do século XX.