Guerra de Cuba

A guerra dos jornais amarelos

A Guerra de Cuba e o que dela se sabe é reportada nos jornais. Numa acérrima batalha de Imprensa entre os magnates Hearst e Pulitzer, a narrativa mais excêntrica sai sempre a ganhar. Uma guerra abastecida pelo sensacionalismo do "yellow journalism".

A primeira página do New York Journal, a 9 de fevereiro de 1898, mostrava uma carta enviada pelo embaixador espanhol nos Estados Unidos ao Presidente norte-americano no qual, o embaixador faz juízos de valor sobre este: débil y populachero y además un politicastro que quiere dejarse una puerta abierta y quedar bien con los jingoes(n) de su partido.” [«fraco e popularucho e, além disso, um politiquinho que quer deixar a porta aberta e ficar bem com os patriotas exacerbados seu partido].

Enrique Dupuy de Lôme escrevera a missiva em meados de dezembro, expressando a sua opinião sobre a situação cubana e a diplomacia do Presidente McKinley.

Desde a revolta de 1868 que Cuba, então uma colónia espanhola, lutava com a metrópole pela independência, numa guerra com várias fases, que se estendia pela segunda metade do século XIX.

Os Estados Unidos estavam cada vez mais próximos de entrar na batalha.               

Dias depois da divulgação da correspondência do embaixador, a tensão subia ainda mais de tom. A 15 de fevereiro, o navio norte-americano U.S.S. Maine explodia no porto de Havana, matando mais de 250 membros da tripulação.

O navio tinha sido enviado no mês anterior, para proteger os interesses norte-americanos na ilha. Com a explosão do Maine afundavam-se todas as esperanças de resolver diplomaticamente a questão de Cuba.

Apenas dois dias depois da tragédia, o New York Journal publicava a manchete: “Destruction of the war ship Maine was the work of an enemy” [«A destruição do navio de guerra Maine foi obra de um inimigo»].  

O jornal chegava mesmo a oferecer uma recompensa choruda por informações que conduzissem ao culpado. Uma edição extra sobre o caso ia ainda mais longe, proclamando: “Spanish Treachery” [«Traição Espanhola»].

O tom da imprensa era tão aguerrido e inflamado que até Edwin Lawrence Godkin, do intelectual New York Evening Post, escreveu, no seu editorial.

“Nothing so disgraceful as the behavior of these newspapers in the past week has been known in the history of American journalism. […] It is a crying shame that men should work such mischief simply to sell more papers.”

[«Nunca se viu nada tão triste na história do jornalismo norte-americano como o comportamento observado na passada semana por estes jornais. […] É uma vergonha pública que o Homem seja capaz de fazer tanto mal simplesmente para vender mais jornais»].

Mas era tarde demais; a febre da guerra tinha contagiado até as publicações de referência.

A guerra nos jornais

A 6 de março, o New York Times publicava: “Madrid Press Feels Alarm: Talk of Destroying American Commerce and of Sending An Army to the United States” [«A imprensa de Madrid sente o alarme: Conversa sobre destruição do comércio americano e envio de tropas para os EUA»].

No mesmo dia, a edição do New York World colocava ainda mais pressão sobre o Governo.

Mais de 100 mulheres de todo o país tinham sido questionadas para a peça “American Women Ready to Give up Husbands, Sons and Sweethearts to Defend Nation's Honor” [«Mulheres americanas dispostas a abdicar de maridos, filhos e namorados para defender a honra da nação»].

A 25 de abril, o Congresso norte-americano declarava oficialmente guerra. O conflito era resultado de um impasse com três lados.

Os revoltosos cubanos não se contentavam com nada menos do que a independência face a Espanha.

Os espanhóis estavam reticentes em perder a sua última colónia no hemisfério ocidental.

Os EUA, por razões económicas e humanitárias, não podiam ignorar o conflito.

A revolução do Yellow Journalism

Um quarto não tardava a entrar em ação e William Randolph Hearst seria um dos protagonistas deste «mecanismo». Hearst chegou ao jornalismo nova-iorquino em 1895.

Joseph Wisan, um teórico, acredita que “The Spanish-American War would not have occurred had not the appearance of Hearst in New York journalism precipitated a bitter battle for newspaper circulation” [«A Guerra Hispano-Americana não teria ocorrido não fosse a chegada de Hearst ao jornalismo de Nova Iorque ter precipitado uma batalha feroz pela circulação de jornais»].

Depois de, em poucos anos, ter tornado o San Francisco Examiner no jornal mais popular de São Francisco, Hearst ansiava por dar cartas num mercado maior.

Com apoio familiar, comprou o New York Journal e protagonizou uma revolução no jornalismo praticado em Nova Iorque.

A sua estratégia para o sucesso passou por atrair os melhores repórteres, artistas e cronistas da época, alguns dos quais trabalhavam num dos mais populares jornais do mercado: o New York World.

Depois de duas décadas de fracasso, o periódico tinha sido comprado por Joseph Pulitzer em 1883 e tornara-se num verdadeiro sucesso de vendas ao publicar histórias apelativas e de interesse humano.

À semelhança de Hearst, também Pulitzer começara por um mercado mais pequeno. Sob a sua alçada, o St. Louis Post-Dispatch tornara-se, no final dos anos 70, num caso sério do jornalismo local.

A redação do World incluía afamados repórteres de investigação, como a pioneira Nellie Bly. O jornal foi também o primeiro a publicar banda-desenhada a cores, com a criação do Yellow Kid, de Richard F. Outcault.

O mesmo Richard F. Outcault que Hearst recrutou para o seu Journal, anos depois. A banda desenhada viria a contribuir para batizar a imprensa sensacionalista praticada por Hearst e Pulitzer de yellow press.

A rivalidade entre os dois proprietários e a guerra travada entre o Journal e o World para conquistar o público nova-iorquino são o foco do documentário Hearst vs. Pulitzer.

A revolução que o yellow journalism causou no jornalismo norte-americano alterou por completo a cobertura jornalística e o panorama mediático do país.

Títulos chamativos, histórias bombásticas, tiragens astronómicas. Assim era a rotina do World e do Journal, que se digladiavam para conquistar o público americano. A sua oportunidade de ouro chegou no final da década de 1890, com o escalar da tensão em Cuba. A concorrência entre os periódicos trouxe a pequena ilha para as manchetes norte-americanas.

Acusado por outros jornais de ter contribuído para a invasão americana de Cuba, o New York Journal publicou, em maio de 1898, o epigrama: “How Do You Like the Journal’s War?” [«Está a gostar da guerra do Journal?»].

Em consequência, poucos dias depois lia-se no editorial: “This war has been called a war brought on by the New York Journal and the press which it leads. This is merely another way of saying that the war is the war of the American people, for it is only as a newspaper gives voice to the American spirit that it can be influential with the American masses”.

[«Esta guerra foi chamada de uma guerra criada pelo New York Journal e pela imprensa que este lidera. Esta é meramente outra forma de dizer que esta guerra é a guerra dos americanos, porque é apenas devido ao facto de um jornal dar voz ao espírito americano que consegue influenciar as massas americanas»].

A influência da imprensa junto dos americanos não era de subestimar. Na década de 1890, a América era uma nação de leitores: contavam-se milhares de semanários e cerca de 1.900 diários. Durante a guerra hispano-americana, metade dos títulos fazia parte da yellow press.

O General Valeriano Weyler, responsável pelas forças espanholas em Cuba, era apelidado de «Butcher Weyler» [«Carniceiro Weyler»] pelos media. A opinião pública clamava a intervenção americana. Em novembro de 1896, McKinley era eleito Presidente dos Estados Unidos com uma promessa eleitoral: libertar a população cubana.

O faro jornalístico de Hearst e Pulitzer tinha colocado, há muito, os seus repórteres no rasto dos conflitos em Cuba. No início de 1897, o Journalenviara o correspondente Richard Harding Davis e o ilustrador Frederic Remington à ilha.

Menos de uma semana depois, Remington escrevia um telegrama a Hearst: “Everything is quiet. There will be no war. I wish to return” [«Está tudo calmo. Não haverá guerra. Quero regressar»]. Mas Hearst insistia: “Please remain. You furnish the pictures, and I’ll furnish the war” [«Está tudo calmo. Não haverá guerra. Quero regressar»].

Apesar de Hearst ter negado alguma vez ter proferido tal frase, esta ficou imortalizada na história do jornalismo, ilustrando o sensacionalismo. Em 1941, no filme Citizen Kane, este episódio é retratado.

Ainda antes de o conflito rebentar, chegava à redação do New York Journalaquele que se iria tornar num dos exclusivos do ano. No verão de 1897, um dos principais correspondentes do jornal relatava o caso da jovem cubana Evangelina Cossio y Cisneros, aprisionada há mais de um ano pelos espanhóis.

O episódio tinha sangue, beleza, juventude, traição e injustiça; ingredientes que tornavam a história irresistível para Hearst... e para os leitores norte-americanos.

O principal concorrente do Journal, o New York World, tentava desacreditar a história, procurando mostrar que os seus rivais exageravam e distorciam os factos. Um esforço que poderia ter chegado a bom porto, não fosse o Journal decidir agir.

No final do mês de agosto, o repórter Karl Decker chegava a Havana com a missão secreta de resgatar a jovem e levá-la para os Estados Unidos.

A vasta campanha de libertação promovida por Hearst envolveu até a mãe do Presidente McKinley e o Papa Leão XIII.

Mas nem toda a imprensa se deixou conquistar pela heróica missão.

O New York Times escreveu:  “We do not intend to express any horror or indignation over the lawless act of our contemporary, the Journal, in taking Evangelina Cossio y Cisneros from a Cuban prison” [«Não queremos expressar qualquer horror ou indignação sobre o ato ilegal do nosso contemporâneo, o Journal, ao tirar Evangelina Cossio y Cisneros de uma prisão cubana»].

Em outubro, o New York Journalpublicava a história da libertação de Evangelina, chamando-lhe “the greatest journalistic coup of this age” [«o maior golpe jornalístico da era»].

A sua chegada aos Estados Unidos teve direito a diversos eventos mediáticos e até a uma receção oficial na Casa Branca.

Desde o início, a simpatia dos norte-americanos estava do lado dos rebeldes, que batalhavam, tal como os Estados Unidos tinham feito, para se libertarem do «império opressor». Evangelina tornara-se num símbolo da luta de todos os cubanos.

Pela Europa

Do outro lado do Atlântico, o patriotismo também chegava às páginas dos jornais. A imprensa espanhola encontrou na guerra de Cuba espaço para cultivar o sensacionalismo: os mais pequenos detalhes das batalhas enchiam páginas e páginas dos periódicos. A imprensa tornava-se porta-voz da euforia bélica. Os jornalistas enalteciam as qualidades dos «heróis» do exército espanhol e os editoriais falavam de honra, pátria e vitória.

A imprensa também orientava a opinião pública, contribuindo para tornar os poucos espanhóis que, na altura, sabiam ler favoráveis à guerra. 

A «nobre» Espanha opunha-se «bravamente» a dois inimigos: os independentistas cubanos e o Governo norte-americano.

As caricaturas e publicações satíricas eram promovidas como forma de mostrar a confiança da velha nação espanhola na superioridade que a História lhe concedia.

À recém-criada nação «yanqui» [«ianque»] opunha-se a gloriosa Espanha, representada como um leão, símbolo de poder e vitória.

O Heraldo de Madrid escrevia que os soldados norte-americanos iriam desertar mal soasse o primeiro tiro.    

Já o El País defendia: “El problema cubano no tendrá solución mientras no enviemos un ejército a los Estados Unidos” [«O problema cubano não terá solução enquanto não enviarmos um exército para os Estados Unidos»].

Estima-se que, à época, se publicassem mais de 1.000 periódicos em Espanha, embora muitos se pautassem por um caráter efémero ou periodicidade irregular. As guerras coloniais em Cuba e nas Filipas seriam as principais responsáveis pelo aumento significativo da tiragem dos diários.

O sensacionalismo que invadiu a imprensa espanhola levou a Unión Republicana a recomendar aos jornais madrilenos que evitassem as inflamadas afirmações patrióticas, porque estas podiam ser mal interpretadas nas várias capitais europeias onde os periódicos espanhóis eram vendidos.

O primeiro confronto

Apesar do frenesim mediático gerado à volta da guerra, a primeira peça sobre o conflito hispano-americano foi, ironicamente, um desastre noticioso.

A armada espanhola foi derrotada no início de maio de 1898, em Manila Bay, nas Filipinas. A batalha tinha terminado em apenas uma manhã, virtualmente sem imagens fotográficas e com cobertura mínima a partir do local.

Nas semanas que se seguiram, a esfera mediática girava em torno do conflito. Apesar da declaração de guerra, não havia grande ação na ilha, o que não impedia os jornais de continuarem a publicar manchetes fantasiosas.

Os repórteres aguardavam, juntamente com as forças militares norte-americanas, escrevendo sobre as preparações para a batalha e esperando partir para a ilha com as forças de invasão. Entre eles estava Anna Northend Benjamin. 

A partir de Tampa, na Flórida, a jornalista do Leslie’s Weeklyescreveu relatos das preparações das tropas para a invasão de Cuba.

À data da partida das forças americanas, a repórter encontrou resistência; o Governo norte-americano tinha banido as jornalistas da frente de batalha e as autoridades e os colegas de profissão masculinos encontravam-se reticentes em deixá-la partir.

Anna Northend Benjamin acabou por chegar a Cuba, clandestinamente, acompanhando as batalhas e o pós-guerra.

Também Kathleen Blake Watkins teve dificuldades em chegar ao palco da batalha, batendo-se firmemente por acreditação com o Departamento de Guerra dos Estados Unidos. A repórter do Toronto Daily Mail and Empire recebeu orientações editorias para escrever histórias de interesse, deixando as peças da frente de batalha para os colegas. Uma distinção que não agradava à jornalista.

Outra das pioneiras do jornalismo feminino de guerra, Katherine White, foi das primeiras repórteres a chegar a Cuba, ao alistar-se como enfermeira da Cruz Vermelha. A técnica utilizada pela jornalista do Chicago Record viria a ser repetida por várias jornalistas em conflitos futuros.

Os custos da cobertura mediática da guerra atingiram quantias astronómicas. Estima-se que um terço das despesas totais de um jornal fosse direcionado para os correspondentes. Não existem dados exatos sobre o número de repórteres, fotógrafos e artistas que acompanharam a preparação da invasão a Cuba, mas acredita-se que deva ultrapassar os 300, podendo chegar mesmo aos 500.

O New York Journal, sozinho, tinha mais de 50 correspondentes a cobrir o conflito.

Um deles era Hearst. O proprietário do Journal queria reportar in loco a guerra.

A sua proximidade à frente de batalha era tal que o seu navio chegou a ser confundido com uma embarcação inimiga e perseguido pelas forças norte-americanas.

Foi a bordo do Sylvia, enquanto perscrutava a costa cubana, que Hearst se deparou com um dos furos da guerra.

Numa praia, encontravam-se mais de 20 espanhóis, “battered and bruised, half clothed, half drowned, half starved” [«maltratados e magoados, meio despidos, meio afogados, meio famintos»], depois de terem fugido dos seus navios em chamas. Armado do seu bloco de notas, Hearst resgatou-os e entregou-os às autoridades. As suas aventuras fizeram manchetes e chegaram até às páginas dos jornais concorrentes.

No The Times podia ler-se: “We observe that the proprietor of our esteemed and enterprising yellow contemporary The Journal has carried his characteristic enterprise into Cuban waters” [«Observamos que o proprietário do nosso estimado e empreendedor contemporário yellow, The Journal, levou as suas características iniciativas para as águas cubanas»].

Uma guerra contada e desenhada

Apesar das histórias repletas de vivacidade e dos relatos emocionantes, a cobertura efetuada pelos repórteres estava muito dependente de informadores.

As peças eram escritas em segunda ou terceira mão, com factos pouco precisos, deturpados ou até inventados pelos jornalistas para contribuir para o efeito dramático.

Os cabos de ligação da ilha tinham sido cortados, forçando os correspondentes a deslocar-se ao local mais próximo com transmissão por telégrafo ou cabo para enviar as peças.

Os barcos eram um meio de transporte popular entre a imprensa para seguir a ação no campo de batalha, por vezes até perturbando os navios de guerra. ONew York Journal,sozinho, tinha dez embarcações à sua disposição.

Ainda antes do início da guerra, a fotografia tinha sido fundamental para mostrar aos americanos as condições de vida dos cubanos e mobilizar a opinião pública.

A partir do início de 1898, a imprensa norte-americana enviava cada vez mais fotógrafos para Cuba.

Chegados à ilha, estes defrontaram-se com a impossibilidade de capturar imagens da guerra, devido às condições do terreno e à distância de segurança do campo de batalha.

Os artistas e ilustradores eram responsáveis por reproduzir visualmente os combates.

As imagens da guerra também chegaram às páginas da imprensa europeia, particularmente através de periódicos ilustrados. Le Petit Journal, Berliner Illustrierte Zeitung, Graphice Illustrated London Newsforam algumas das publicações a cobrir a guerra.

A vitória americana

E a guerra continuava a escalar. Depois da vitória nas Filipinas, as tropas norte-americanas chegaram à cidade cubana de Santiago.

A cidade rendeu-se em julho. A armada espanhola foi perseguida pelos navios americanos e destruída em poucas horas.

Se, na frente de batalha, a vitória americana parecia certa, também no campo mediático a guerra era travada de forma desigual. Depois da derrota espanhola nas Filipas e em Santiago, a situação tornava-se insustentável para a imprensa espanhola.

Era imposta a censura total e assistia-se à suspensão dos direitos constitucionais. Os jornais apenas estavam autorizados a publicar informação governamental. A censura e a apreensão de publicações tornava-se rotineira, com o Governo a defender a sua intervenção por razões de Estado.

Contudo, o impasse não iria durar muito. As forças americanas conquistavam Porto Rico no final de julho. Depois de 114 dias, era acordada a paz.

Em dezembro de 1898, era assinado o Tratado de Paris, no qual Espanha renunciava aos seus territórios em Cuba, Porto Rico, Antilhas, Filipinas e Guam. Depois de 400 anos, o império espanhol no Novo Mundo aproximava-se do seu fim. Os Estados Unidos confirmavam a sua emergência enquanto potência global.

Nos anos que se seguiram à guerra, a imprensa espanhola entrou num período de desorientação, de perda de credibilidade e de leitores. O patriotismo deu lugar ao pessimismo.

Em 1905, lia-se na Nuevo Mundo:

“Es como si a los lectores de los periódicos de Madrid les fuese acometiendo, uno a uno, un cansancio, una fatiga de prosa periodística, y uno a uno fueran dejando el diario que antes les apasionaba.”

[«É como se aos leitores dos jornais de Madrid os fosse afetando, um a um, um cansaço, uma fadiga de prosa jornalística e, um a um, fossem deixando o diário que antes os apaixonava»]

Nos Estados Unidos, Hearst expandiu o seu império media a outros estados norte-americanos e continuou a exercer influência sobre a opinião pública através das suas publicações. O Journal acabaria por fechar portas em 1966, 15 anos depois da morte de Hearst.

Com o virar do século e a morte de Pulitzer, em 1911, também o World se aproximava do declínio. O aumento do preço do periódico teve consequências negativas na sua circulação, levando, eventualmente, à sua extinção, em 1931. O legado de Pulitzer e a sua contribuição para o jornalismo ficariam imortalizados nos Prémios Pulitzer, que distinguem, desde 1917, a excelência na área.

O Journal e o World, expoentes máximos da yellow press, revolucionaram o jornalismo e continuam a influenciar o modo como se reflete sobre o mundo mediático. A rivalidade entre os dois jornais ficaria para sempre associada à Guerra Hispano-Americana. Um conflito influenciado – ou mesmo fomentado – por uma outra batalha, travada a milhares de quilómetros de distância: a guerra da imprensa.