Paulo Portas
Quando em 1995 inicia a carreira política, Paulo Portas já conta com um historial no Jornalismo. Passa por A Tarde e Semanário e, mais tarde, funda o jornal O Independente – tornando-se um "enfant terrible" do cavaquismo
Paulo Sacadura Cabral Portas nasceu em Lisboa, a 12 de setembro de 1962. Filho da economista, jornalista e escritora Helena Sacadura Cabral e do arquiteto Nuno Portas. É irmão de Miguel Portas, fundador do Bloco de Esquerda, falecido a 24 de abril de 2012, e meio-irmão de Catarina Portas, jornalista e empresária, filha de Margarida Maria Gomes de Sousa Lobo.
Artur Sacadura Cabral, o primeiro aviador a efetuar a travessia aérea do Atlântico Sul, juntamente com Gago Coutinho, em 1922 era tio-avô de Paulo Portas.
O início do Jornalista destemido
Aos 15 anos estreava-se no jornalismo como estagiário no Tempo, semanário fundado por Nuno Rocha a 29 de maio de 1975. Anos depois, a 27 de junho de 1981, o Expressoviria a publicar a crónica “Mercenários contra o ‘embaixador’”, baseada num documento de Nuno Rocha. Nela, os “mercenários” eram os jornalistas do Tempo que tinham faltado às festas do seu sexto aniversário. Paulo Portas era repreendido pelo seu diretor com 18 anos. Portas pertenceu ainda às redações dos jornais A Tarde e Semanário.
O percurso académico
Estudou no Colégio de São João de Brito, em Lisboa, de 1968 a 1979, e mais tarde licenciou-se em Direito, na Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa, onde lecionou História do Pensamento Político em 1996. No mesmo ano, lecionou também a disciplina de História das Ideias Políticas na Universidade Moderna de Lisboa. Nesta instituição fundou e dirigiu em 1997 a Amostra, um polémico centro de sondagens.
O início da vida política
Em 1975, Paulo Portas iniciou a sua vida política na Juventude Social Democrata, onde foi diretor-adjunto do seu órgão oficial, Pelo Socialismo, de 01 de julho de 1979 a 16 de abril de 1980. O diretor era Manuel Moreira. No dia em que Paulo Portas fez 18 anos, a 12 de setembro de 1980, Sá Carneiro assinou a sua ficha de inscrição no PSD, onde viria a militante até 1982.
No ano de 1985, Portas empenhou-se na candidatura de Diogo Freitas do Amaral à presidência da República. Todavia, o jornalismo acabou por falar mais alto.
O Regresso ao Jornalismo
No dia 20 de maio de 1988, fundou com o escritor e jornalista Miguel Esteves Cardoso e o também jornalista e fotógrafo Manuel Falcão o semanário O Independente. A ideia surgiu do próprio Paulo Portas no jantar do seu 25º aniversário, a 12 de setembro de 1987, com Miguel Esteves Cardoso. O objetivo? Revolucionar a imprensa portuguesa que, na altura, era notoriamente marcada por tons mais de esquerda.
Assim, surge O Independente, um jornal de tom mais conservador e que viria a desempenhar um papel fundamental na evolução do partido Centro Democrático Social (CDS). Miguel Esteves Cardoso constituiu-se como primeiro diretor. Mais tarde, em maio de 1990, Paulo Portas assumiria o cargo até ao dia 28 de julho de 1995.
«Paulo Portas deixa a direção por considerar a política incompatível com o jornalismo, mas mantém a coluna de opinião», escreveu-se no semanário.
Paulo Portas destacava-se no semanário. Usava-o para tecer críticas muito duras ao governo do partido a que tinha pertencido (PSD), dirigido na altura por Aníbal Cavaco Silva.
Muitos dos que foram alvo de acusações por parte de O Independente, ao sentir a sua honra atacada, ripostaram. Por esse motivo, o jornal ver-se-ia obrigado a pagar pesadas indemnizações derivadas de processos de calúnias e de difamação. Além disso, uma redução drástica na venda de exemplares a partir de 2000 obrigaria a publicação a ser encerrada a 1 de setembro de 2006.
Na política, a todo o gás
Depois de ter deixado O Independenteem 1995, Paulo Portas dedica-se por inteiro à carreira política. Ingressou no CDS e foi eleito deputado à Assembleia da República pelo círculo eleitoral de Aveiro (1995, 1999, 2002, 2005, 2009 e 2011), tendo sido líder parlamentar de 1999 a 2001.
Em conjunto com o então líder do partido Manuel Monteiro, Paulo Portas revitalizou a imagem e a orientação política do CDS que passou a designar-se Centro Democrático Social-Partido Popular (CDS/PP). No entanto, as divergências com Manuel Monteiro afastaram-no do Parlamento e da direção do partido. Em 1998, Manuel Monteiro renuncia à liderança e marca o XVI Congresso, no qual Paulo Portas é eleito presidente do partido, contra Maria José Nogueira Pinto (1998-2005 e desde 2007).
No papel de líder partidário, Paulo Portas começou a ir às feiras, romarias e eventos populares. Sempre preferiu o contacto direto com os eleitores e tal atitude destacou-o dos demais e valeu-lhe o epíteto de «Paulinho das feiras».
Em 2002, através da coligação do CDS/PP com o PSD, fez parte do XV Governo Constitucional, ocupando o cargo de ministro de Estado e da Defesa Nacional. Em 2004, após a demissão de Durão Barroso, que viria a ser presidente da Comissão Europeia, e a entrada de Santana Lopes no XVI Governo Constitucional, Paulo Portas mantém o mesmo cargo, sendo-lhe inesperadamente acrescentada a pasta dos Assuntos do Mar.
Nas legislativas de 2005, o CDS/PP não conseguiu obter 10% dos votos de forma a evitar a maioria absoluta do Partido Socialista (PS), Paulo Portas anuncia a sua retirada da presidência do partido e José Ribeiro e Castro sucede-lhe (2005-2006). No mesmo ano, 2005, recebia a medalha “Distinguished Public Service Award”, pelo secretário da Defesa dos Estados Unidos da América, Donald H. Rumsfeld.
Acabou por se dedicar à análise da atualidade política na SIC Notícias em 2005 e 2006 e no ano seguinte, em 2007, regressaria à vida política ativa com uma candidatura à Comissão Política Nacional do CDS/PP. Obteve cerca de 75% dos votos sobre Ribeiro e Castro, o que o levou de volta à liderança do partido.
Em 2011 toma posse como Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros no XIX Governo Constitucional ao lado de Pedro Passos Coelho, do PSD, como Primeiro-Ministro. Dois anos depois, após mais uma crise na coligação governamental, Paulo Portas é promovido a Vice-Primeiro-Ministro, ficando encarregue da coordenação das políticas económicas, do relacionamento com a Comissão de Credores e da reforma do Estado.