O Amanhã em VR – Realidade virtual

2046. 400 anos depois do nascimento do 1º jornal português. Como serão os Media? A nossa experiência VR - Realidade Virtual antecipa o futuro. O curador é Diogo Queiroz de Andrade

Audioguia: 

O futuro dos media é uma página em branco

Uma página especulativa, discutível e polémica. Mas o que todos sabemos é que a evolução dos media está profundamente relacionada com a evolução da tecnologia. E se sabemos para onde vai a tecnologia então conseguimos imaginar até onde os media vão chegar.

Esta é a nossa visão do amanhã. Sejam bem-vindos.

Se a sede de informação e conhecimento foi uma constante na história, foram as inovações tecnológicas que permitiram a evolução dos media. A invenção dos caracteres móveis permitiu a criação da impressão dos jornais. O domínio das ondas hertezianas permitiu a criação primeiro da rádio e depois da televisão, o código binário permitiu a criação do online e a fibra ótica tem alterado a forma como lemos, ouvimos e vemos as notícias.

Cada tecnologia criou o seu próprio suporte de media. E cada suporte de media criou a sua disciplina: rádio, televisão ou imprensa escrita E cada disciplina adaptou a forma de apresentação dos seus conteúdos. De um lado a palavra escrita e a imagem estática, do outro o som, do outro a imagem em movimento.

E foi assim até ao preciso momento em que a tecnologia nos permitiu ver o mundo de uma nova perspetiva. De cima. O que hoje dizemos ser…global.

Crescemos habituados a esperar pela notícia. E habituados a que a notícia esperasse por nós. A notícia tinha hora e local marcado. Às oito da noite. Sentados num sofá á frente da televisão. De manhã no rádio enquanto vamos para o trabalho. Ou nas páginas do jornal de hoje com as notícias de ontem.

Foi a tecnologia que nos deu isso. é a tecnologia que nos tira isso. hoje as notícia não têm hora e local marcado. Existem. 24 horas por dia. Em qualquer parte do mundo. Em qualquer momento

Deixamos de ir ter com as notícias. Hoje passamos pelas notícias. Ontem procurávamos a informação. Hoje temos que escolher a informação. O que queremos saber e como queremos saber. E quando não escolhemos existe um algoritmo que escolhe por nós. Discutimos o que e o como mas o quando e o onde deixaram de ser relevantes. Quando é sempre. E o onde é em todo o lado. Em qualquer suporte. Ou em nenhum suporte. Os media estão a desmaterializar-se.

Os media fazem o caminho da tecnologia integrando os diferentes suportes, as diferentes disciplinas numa coisa qualquer nova. Tendencialmente biónica. Em que o corpo mais do que meio ou instrumento de interação com o diferente hardware é o próprio hardware. Recetor e emissor. Consumidor de conteúdos, produtor de conteúdos e ele próprio um media.

E isto altera tudo. Já alterou. Alterou o tipo de palavras que utilizamos. E a quantidade de palavras que utilizamos.

Alterou a forma como olhamos para nós e a forma como olhamos o mundo.

Alterou a forma como comunicamos com quem nos rodeia e a forma como socializamos. Comunicar não implica distância e socializar já não implica proximidade.

E o tempo. Alterou o tempo. Estamos sem tempo para tudo. Queremos mais. Mais informação e em menos tempo.

A desmaterialização dos media significa que, daqui a 40 anos, alguém conseguirá identificar um momento qualquer em que televisão, a rádio, os jornais e os online acabaram. Em que os suportes deixaram de fazer sentido, em que deixamos de estar presos a um determinado formato. Em que o próprio homem destruiu a forma para ficar com o conteúdo.