António Mega Ferreira

As leis e os tribunais foram o primeiro amor de António Mega Ferreira. Contudo, assim que experienciou a vida de uma redação jornalística, nunca mais pensou em réus e arguidos

Do Direito para a Comunicação

António Mega Ferreira nasceu a 25 de março de 1949, em Lisboa. Depois de estudar Direito na Universidade de Lisboa, partiu para Manchester, em Inglaterra, para estudar Comunicação Social.

 

 

«O curso foi um curso experimental, promovido pela Universidade de Manchester, em 1972. Chamava-se Mass Comunication, isto é, Comunicação de Massas. Era um curso que tinha a ver com jornalismo, de imprensa escrita, de televisão, de rádio, e de cinema também». 

Iniciara-se no jornalismo quatro anos antes, em 1968, escrevendo para o Comércio do Funchal.

«Colaborava com a delegação em Lisboa […] e acho que aí tinha alguma arte para passar entre as malhas da censura», afirma.

Em 1970, começou a trabalhar como tradutor de imprensa estrangeira na Secretaria de Estado da Informação.

«Digamos que, nessa altura, a minha relação com o jornalismo era uma relação muito intensa. Uma relação intensa, mas numa base semiprofissional».

 

 

A profissionalização

A profissionalização enquanto jornalista foi conquistada em 1975, no Jornal Novo. Durante a sua carreira enquanto jornalista profissional, que se prolongou até 1986, passou ainda pelo Expresso, pela ANOP - Agência Noticiosa Portuguesa e pel’O Jornal. Foi chefe de redação do Jornal de Letras e da RTP2. Ao serviço da estação pública, entrevistou a então Primeira-Ministra Maria de Lourdes Pintassilgo… duas vezes.

«Da parte da manhã tínhamos filmado nos jardins da residência oficial mas não tinha ficado nada gravado, coisa que só verificámos quando chegámos ao Lumiar».

Ao longo da sua carreira, Mega Ferreira assistiu a várias mudanças no jornalismo português, embora certas características subsistissem.

«Há verdades eternas no jornalismo: o jornalismo será sempre, mas sempre, regido pela pressão da máquina — seja a máquina convencional, seja a máquina de hoje, seja a urgência de chegar, seja a urgência de concorrer ou ganhar ao concorrente». 

 

 

Colaborou ainda, enquanto cronista, com o Expresso, o Diário Económico, o Diário de Notícias, o Independente, o Público e com as revistas Visãoe Egoísta. Em 1986, foi convidado para a direção editorial do Círculo de Leitores, onde foi responsável pela criação da revista LER. Nos anos 80, iniciou a sua carreira literária, publicando dezenas de obras, da ficção à poesia, passando pelo ensaio. A sua produção literária foi distinguida com o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco 2001.

 

 

Membro da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos, fundou a revista Oceanos e chefiou a candidatura de Lisboa à EXPO 98, iniciativa que viria a comissariar. Foi administrador da Parque Expo, do Oceanário de Lisboa e do Pavilhão Atlântico. Ocupou o cargo de Presidente do Conselho de Administração da Fundação Centro Cultural de Belém (2006-2012). A 9 de junho de 1998, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.